sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

NATAL, oportunidade para fazer uma reforma administrativa

Contrariamente àquilo que o comércio e a mundanidade de hoje nos sugere, o verdadeiro Natal que em cada ano vem até nós, propõe-nos um tempo propício para olharmos para dentro da nossa "casa" e para a nossa "vizinhança", de forma a podermos fazer uma boa avalição do nosso "deserto" interior e abrarçarmos conscientemente valores mais autênticos e duradoiros.
Para nos ajudar a fazer essa caminhada, deixo aqui um texto muito significativo do Pe. Correia de Oliveira, o qual nos interpela e desafia, para que sem medos, a aceitemos tal como Aquele que nasceu, nos deu como exemplo.
Aníbal Carvalho

Natal, oportunidade para fazer uma reforma administrativa


Já que Deus, pelo Natal, parece ter desarrumado tudo e feito um investimento numa zona erma e desertificada (João Baptista prega no deserto e o povo vai atrás dele), bom seria, também nós, procedermos a algumas alterações significativas:

1. Mude a capital do seu país
- Esteja atento e aposte mais nos seus arrabaldes, que são, afinal, a sua face oculta, o seu lado mais humano, o seu interior e o que tem de melhor. Houve reis de Portugal que deixaram a cidade de Lisboa e viveram temporariamente em Coimbra, Leiria, Viseu e Évora. E Jesus não nasceu na cidade de Jerusalém nem em Belém, mas na periferia, nos arredores.
- Povoe mais o seu terreno maninho e, em vez de extirpar defeitos, potencie as qualidades. Se continuar a guiar-se apenas por si, corre o risco de se extraviar, como aconteceu com os Magos em Jerusalém, que era a capital do conhecimento, mas também dos indecisos (veja-se o caso de Herodes e dos doutores da lei).

2. Aproveite o material reciclado
- O Natal é o tempo da terceira idade: Zacarias, Isabel, Simeão e Ana. São miraculados, que se entretêm a distribuir bênçãos. Todos revalidam os prazos: Simeão estica a vida, para poder ver a Luz das nações – o Menino Deus; Ana, aos 84 anos, dedica-se a cantar os louvores de Deus e com voz calibrada e afinada. Nunca se é idoso, quando se está à espera de alguém, quando se vive para os outros, quando se estende os braços e os olhos para Deus. Não obstante parecermos estéreis (é o caso de Isabel), o Espírito Santo já nos fecundou há imenso tempo e levamos mais de seis meses de gestação na santidade. Temos de apoiar o processo revolucionário em curso, que Deus iniciou em nós.
- Deus utiliza aparentemente material antigo ou ainda não testado (como é o caso de Nossa Senhora), jogadores que não estavam sequer convocados para estágio nem tinham lugar no banco dos suplentes, e com eles faz maravilhas.

3. Cresça e desapareça
Jesus crescia em estatura, sabedoria e graça, porque obedecia a seus pais na casa de Nazaré.
- A Igreja cresce, quando é discreta e não se anuncia a si mesma; quando não aposta no número dos fiéis, na força das estatísticas, na concorrência ou no seu prestígio, mas se pauta pela fidelidade a Jesus Cristo; quando se sente pequena e pecadora, é que descobre que a sua força vem de alguém que está no meio dela.
- O cristão só merece esse título, quando se converte e verifica que o importante não é empenhar-se muito na corrida, mas correr na direcção certa; não tem de fazer mais, mas de comportar-se de forma diferente; não deve tratar a salvação como um assunto pessoal mas como uma opção comunitária. Deus faz-nos crescer por contágio e toque pessoal: ser santo é colocar-se totalmente nas suas mãos e parecer-se cada vez mais com Ele.

Pe. Correia de Oliveira

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