João César das Neves é um professor catedrático da UCP na área da economia, mas ao mesmo tempo um grande pensador sobre as verdades da fé, e por isso, não se conforma facilmente com injustiças e meias verdades e muito menos com o "branqueamento" que muitas vezes se quer fazer de situações da história recente ou mesmo longínqua.
Com o devido respeito, publico aqui um texto sobre alguns ataques à Igreja Católica, e que foi publicado em primeira mão no Diário de Notícias do dia 12.04.2010 sob o tema: "a nona bem-aventurança".
Aníbal Carvalho
"Um dos fenómenos mais espantosos da história da humanidade é o ataque à Igreja.Esse processo, tão aceso estes dias, é sempre muito curioso. Primeiro pela duração e persistência.
Há 2000 anos que os discípulos de Cristo são perseguidos, como o próprio Jesus profetizou.E cada ataque, uma vez começado, permanece.
A Igreja é a única instituição a que se assacam responsabilidades pelo acontecido há 100, 500 ou 1500anos. Os cristãos actuais são criticados pela Inquisição do século XVII, missionação ultramarina desde o século XV, cruzadas dos séculos XI-XIII, até pela política do século V (no recente filme Ágora, de Alejandro Amenábar, 2009). Depois, como notou G. K. Chesterton em 1908, o cristianismo foi atacado "por todos os lados e com todos os argumentos, por mais que esses argumentos se opusessem entre si"(Orthodoxy, c. VI).
Vemos criticar a Igreja por ser tímida e sanguinária, pessimista e ingénua, laxista e fanática, ascética e luxuosa, contra o sexo e a favor da procriação, etc. Mas o mais espantoso é que os ataques conseguem convencer-nos daquilo que é o oposto da evidência mais esmagadora.
Os iluministas provaram-nos que a religião cristã é a principal inimiga da ciência; supersticiosa, obscurantista, persecutória do estudo e investigação rigorosos.
A evidência histórica mostra o inverso.
A dívida intelectual da humanidade à Igreja é enorme. Devemos a multidões de monges copistas a preservação da sabedoria clássica. Quase tudo o que sabemos da Antiguidade pagã veio dos mosteiros.Foi a Igreja que criou as primeiras universidades e o debate académico moderno.Eram cristãos devotos os grandes pioneiros da ciência, como Kepler, Pascal, Newton, Leibniz, Bayes, Euler, Cauchy, Mendel, Pasteur, etc. Até o caso de Galileu, sempre citado e distorcido, mostra o oposto do que dizem.
Depois, os jacobinos asseguraram-nos que a Igreja é culpada de terríveis perseguições religiosas, étnicas e sociais, destruição cultural de múltiplos povos, amiga de fogueiras e câmaras de tortura, chacinas, saques e genocídios. No entanto, a evidência de 2000 anos de história real de cristãos concretos é de caridade, mediação, pacifismo.Tudo o que o nosso tempo sabe de direitos humanos, diplomacia, cooperação e tolerância foi bebê-lo a autores cristãos.
A seguir, os marxistas vieram atacar a Igreja por ser contra os proletários e a favor dos ricos. Quando é evidente o cuidado permanente, multissecular e pluricultural dos cristãos pelos pobres e infelizes, e as maravilhas sociais da solidariedade católica no apoio aos desfavorecidos.
Vivemos hoje talvez o caso mais aberrante: a Igreja é condenada por... pedofilia. A queixa é de desregramento sexual, deboche, perversão. Mas a evidência histórica mostra que nenhuma outra entidade fez mais pelo equilíbrio da sexualidade e a moralização da vida pessoal da humanidade. Mais uma vez, o ataque nasce do oposto da verdade. Serão as acusações contra a Igreja falsas? Elas partem sempre de um núcleo verdadeiro. Houve cristãos obscurantistas, persecutórios, cruéis, injustos, luxuosos, como hoje há padres pedófilos. Aliás, em 2000 anos de história, e agora com mais de mil milhões de fiéis, tem de haver de tudo.A distorção está na generalização ao todo de casos particulares aberrantes. Não sendo tão má quanto o mito, a Inquisição foi péssima. Mas a Inquisição não representa a Igreja e a própria Igreja da época a condenou. Os críticos nunca combatem os erros, sempre a instituição. Hoje não se ataca a pedofilia na Igreja, mas a Igreja pedófila. A razão do paradoxo é clara. Cada época projecta na Igreja os seus próprios fantasmas. Ninguém atropelou mais o rigor científico que os iluministas. Ninguém foi mais sangrento que os jacobinos. Ninguém gerou maior pobreza que os marxistas. Ninguém tem mais desregramento sexual que o nosso tempo. O ataque à Igreja é uma constante histórica. A História muda. A Igreja permanece. Porque ela é Cristo. Dela é a nona bem-aventurança: "Bem-aventurados sereis quando vos insultarem e perseguirem" (Mt 5, 11)."
segunda-feira, 26 de abril de 2010
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Valores? Que Valores?
Hoje em dia fala-se muito em valores ou na sua ausência. De facto, todos somos culpados do estado em que se encontram as coisas no que se refere à formação, sobretudo dos jovens, para os valores.
Todos sabemos que os grandes males pessoais e da humanidade resultam dos erros por não termos sabido hierarquizar devidamente o que é importante nos momentos cruciais de decidir.
Para nos ajudar a reflectir melhor neste problema, apresento aqui o ponto de vista de Fernando Pascual através do seu artigo publicado no Fórum Libertas e que tomei a liberdade de traduzir do Castelhano para Português. Ao autor os meus agradecimentos.
Aníbal Carvalho
“Educação para os valores está na moda. A família e a escola, governos e diversos grupos sociais procuram ensinar e promover os valores entre as pessoas, especialmente entre crianças, adolescentes, jovens e também entre adultos.
A pergunta fundamental é esta: que valores? A lista de valores poderá ser enorme. Há também valores que são mais apreciados por alguns povos e culturas, enquanto os outros são menos apreciados. Os valores ensinados no passado não são os mesmos ensinados no presente.
Para responder à questão, é necessário esclarecer o que é “valor”. Trata-se de uma propriedade ou dimensão que nós descobrimos em “algo” e que aperfeiçoa aqueles que escolhem "essa coisa".
A definição é intencionalmente abstracta. Damos alguns exemplos. João e Matilde estão com fome. No frigorífico têm queijo e presunto, tomate e peixe congelado. Cada um desses alimentos pode satisfazer, de diferentes maneiras, a fome do João e Matilde. Para eles é importante começar a comer. Além disso, se qualquer destes alimentos é mais saudável e ajuda a conseguir uma dieta imposta pelos médicos, o seu valor “aumenta”, mas a comida mudou, porque “melhora ou aperfeiçoa” quem melhor come atendendo à sua situação particular.
Por outras palavras mais simples, o valor de “alguma coisa” (um objecto, uma ideia, um acto, uma pessoa) consiste em aperfeiçoar alguém que tem o poder de escolher “algo” e sobretudo depende de quem é esse alguém, que escolhe esse “algo”.
Assim facilmente nos apercebemos que há um número enorme de valores. A bola tem um valor muito grande para milhares de crianças, enquanto pouco interesse para muitos idosos. A cor da janela é um grande valor para os recém-casados. O trabalho feito com prazer é um valor para o agricultor, o funcionário ou um motorista de camião. A participação na igreja aos Domingos é um valor para os católicos que querem viver seriamente sua fé.
Entre a multidão de valores, descobrimos que alguns são mais importantes, mais harmoniosos e mais nobres, porque chegam ao centro do coração humano. Outros valores, no entanto, são de menor importância, porque eles são periféricos, ou porque produzem resultados muito pobres (o prazer é efémero e a satisfação vã e por isso empobrecem quem escolhe esses valores), ou porque satisfazem o desejo mas prejudicam outras dimensões mais profundas do ser humano. Não será um valor arranjar mais dinheiro? No entanto não o será se for conseguido à custa do prejuízo de terceiros ou através de uma fraude.
As diferenças entre os valores permitem que se faça uma hierarquia entre si. Há valores mais importantes e mais acessórios. Há valores que alcançam o espírito e os outros que olham sobretudo para o corpo. Há valores que promovem a unidade e harmonia entre os homens e outros que levam ao egoísmo e à violência. Há valores que só servem para a vida terrestre e outros que permanecem para a vida após a morte.
Quando entendemos o que é um valor, descobrimos que, quase sempre, lhe está associado um "anti-valor" ou "contravalor". O valor da solidariedade no contra-valor é a falta de solidariedade. O valor do respeito, um correspondente anti-valor no desprezo, etc.
Ao longo do século XX, alguns filósofos elaboraram listas de valores e estabeleceram uma escala deles. Por exemplo, para José de Finanças (1904-2000), podemos classificar os valores nestes grupos:
a. Valores infra-humanos: são realidades que se aplicam aos seres humanos na sua dimensão mais periférica. Por exemplo, o prazer, a força física, a saúde. Como já dissemos, cada um destes valores tem seus valores negativos (dor, fraqueza, doença, etc)...
b. Valores económicos e "hedonistas" que se referem a realidades em que o homem acredita poder obter lucro ou benefício ou em poder atingir outros objectivos. Por exemplo, o valor de prosperidade, sucesso, dinheiro, etc.
c. Valores espirituais: são realidades que valem a pena porque elas permitem ao homem satisfazer os seus desejos mais profundos como pessoa, tal como conhecer e amar. Aqui encontramos os seguintes conjuntos de valores: do conhecimento (verdade, perspicácia, memória), da experiência estética (a beleza), da vida social (coesão, harmonia, solidariedade). Também aqui entram os valores da vontade e da escolha (força de carácter, perseverança). Alguns destes valores temo-los de forma quase espontânea, outros só podem ser alcançados após um longo processo de treino e esforço.
d. Os valores morais: são valores que tocam o ser humano nas profundezas de si mesmo, no uso da sua liberdade, na sua responsabilidade. A lista poderia ser longa, mas podemos mencionar os seguintes: a bondade do coração, a seriedade, sinceridade, autenticidade, fidelidade, diligência, lealdade, solicitude, apoio, generosidade, justiça, honestidade, gratidão, etc.
e. Os valores religiosos: estes são valores que se referem ao nosso relacionamento com Deus. Aqui podemos citar, por exemplo, o valor da oração, a devoção, adoração, etc.
Se olharmos para alguns programas de educação para os valores, percebemos imediatamente a ausência de muitos dos valores que acabámos de mencionar, e na presença de outros valores que são importantes, mas que não são essenciais para a vida humana.
Por exemplo, fala-se muito de tolerância, respeito, abertura, diálogo. Mas esquecemo-nos que cada um desses valores (por vezes virtudes) está relacionado, ou dependem de outros valores, (e virtudes) sem os quais nada é conseguido.
Noutras circunstâncias, há alguma confusão, pois surgem como valores mais elevados sendo mais baixos, ou até mesmo chegar a misturar uns com outros ou até com anti-valores. Por exemplo, falar do valor do sexo, como se qualquer acto sexual devesse ser “valorizado” pelo facto de produzir prazer, é não só é ineficaz, mas muitas vezes prejudicial e pode levar a consequências dramáticas na promoção da devassidão e da toxicodependência (dois anti-valores) em bastantes adolescentes.
Uma sociedade que faz da beleza física e da linha (aparecer perante os outros com uma figura juvenil), da força ou do dinheiro os valores mais importantes, perdeu a cabeça e segue na direcção de uma profunda decadência, com consequências devastadoras para a vida de milhares de pessoas.
Para evitar tais erros, qualquer autêntica educação para os valores necessita de reflectir seriamente sobre o que é o homem e sobre os bens valiosos que lhe permitem desempenhar a sua existência humana de maneira justa e boa. Só um bom estudo antropológico pode reconhecer a hierarquia de valores que coloca tudo no seu devido lugar.
Os valores morais e religiosos são e devem ser os mais importantes porque eles se referem à dimensão crítica da existência humana: a sua relação temporal e eterna com Deus e com outros seres humanos. Depois, são os valores espirituais, que incluem a disciplina mental para aceder à verdade, para a “manter” com boa memória e expressar-se de forma clara e honesta. A força da vontade que permite trabalhar, estudar ou em mil actividades da vida familiar, a solidariedade, que leva os homens a unir os seus esforços na construção de um mundo mais acolhedor, a justiça, que permite não só respeitar os acordos ou os direitos dos outros, mas sobretudo quando são escamoteados... A lista poderia ser muito longa, mas dá uma ideia de como é urgente desenvolver programas de formação para os valores.
Uma sociedade que sabe propor e concluir um programa exigente de valores, apoiados e vividos desde a educação para a virtude, permitirá que as crianças, adolescentes, adultos jovens e pessoas já maduras possam em cada dia das suas vidas, viver abertos aos outros, se preparem seriamente para os objectivos que cada um decidir, sempre, no verdadeiro sentido do bem de cada um de nós, ou seja, o encontro eterno com Deus. Não deverá ser esse o sinal que temos para oferecer para um bom programa de formação para os valores?”
Todos sabemos que os grandes males pessoais e da humanidade resultam dos erros por não termos sabido hierarquizar devidamente o que é importante nos momentos cruciais de decidir.
Para nos ajudar a reflectir melhor neste problema, apresento aqui o ponto de vista de Fernando Pascual através do seu artigo publicado no Fórum Libertas e que tomei a liberdade de traduzir do Castelhano para Português. Ao autor os meus agradecimentos.
Aníbal Carvalho
“Educação para os valores está na moda. A família e a escola, governos e diversos grupos sociais procuram ensinar e promover os valores entre as pessoas, especialmente entre crianças, adolescentes, jovens e também entre adultos.
A pergunta fundamental é esta: que valores? A lista de valores poderá ser enorme. Há também valores que são mais apreciados por alguns povos e culturas, enquanto os outros são menos apreciados. Os valores ensinados no passado não são os mesmos ensinados no presente.
Para responder à questão, é necessário esclarecer o que é “valor”. Trata-se de uma propriedade ou dimensão que nós descobrimos em “algo” e que aperfeiçoa aqueles que escolhem "essa coisa".
A definição é intencionalmente abstracta. Damos alguns exemplos. João e Matilde estão com fome. No frigorífico têm queijo e presunto, tomate e peixe congelado. Cada um desses alimentos pode satisfazer, de diferentes maneiras, a fome do João e Matilde. Para eles é importante começar a comer. Além disso, se qualquer destes alimentos é mais saudável e ajuda a conseguir uma dieta imposta pelos médicos, o seu valor “aumenta”, mas a comida mudou, porque “melhora ou aperfeiçoa” quem melhor come atendendo à sua situação particular.
Por outras palavras mais simples, o valor de “alguma coisa” (um objecto, uma ideia, um acto, uma pessoa) consiste em aperfeiçoar alguém que tem o poder de escolher “algo” e sobretudo depende de quem é esse alguém, que escolhe esse “algo”.
Assim facilmente nos apercebemos que há um número enorme de valores. A bola tem um valor muito grande para milhares de crianças, enquanto pouco interesse para muitos idosos. A cor da janela é um grande valor para os recém-casados. O trabalho feito com prazer é um valor para o agricultor, o funcionário ou um motorista de camião. A participação na igreja aos Domingos é um valor para os católicos que querem viver seriamente sua fé.
Entre a multidão de valores, descobrimos que alguns são mais importantes, mais harmoniosos e mais nobres, porque chegam ao centro do coração humano. Outros valores, no entanto, são de menor importância, porque eles são periféricos, ou porque produzem resultados muito pobres (o prazer é efémero e a satisfação vã e por isso empobrecem quem escolhe esses valores), ou porque satisfazem o desejo mas prejudicam outras dimensões mais profundas do ser humano. Não será um valor arranjar mais dinheiro? No entanto não o será se for conseguido à custa do prejuízo de terceiros ou através de uma fraude.
As diferenças entre os valores permitem que se faça uma hierarquia entre si. Há valores mais importantes e mais acessórios. Há valores que alcançam o espírito e os outros que olham sobretudo para o corpo. Há valores que promovem a unidade e harmonia entre os homens e outros que levam ao egoísmo e à violência. Há valores que só servem para a vida terrestre e outros que permanecem para a vida após a morte.
Quando entendemos o que é um valor, descobrimos que, quase sempre, lhe está associado um "anti-valor" ou "contravalor". O valor da solidariedade no contra-valor é a falta de solidariedade. O valor do respeito, um correspondente anti-valor no desprezo, etc.
Ao longo do século XX, alguns filósofos elaboraram listas de valores e estabeleceram uma escala deles. Por exemplo, para José de Finanças (1904-2000), podemos classificar os valores nestes grupos:
a. Valores infra-humanos: são realidades que se aplicam aos seres humanos na sua dimensão mais periférica. Por exemplo, o prazer, a força física, a saúde. Como já dissemos, cada um destes valores tem seus valores negativos (dor, fraqueza, doença, etc)...
b. Valores económicos e "hedonistas" que se referem a realidades em que o homem acredita poder obter lucro ou benefício ou em poder atingir outros objectivos. Por exemplo, o valor de prosperidade, sucesso, dinheiro, etc.
c. Valores espirituais: são realidades que valem a pena porque elas permitem ao homem satisfazer os seus desejos mais profundos como pessoa, tal como conhecer e amar. Aqui encontramos os seguintes conjuntos de valores: do conhecimento (verdade, perspicácia, memória), da experiência estética (a beleza), da vida social (coesão, harmonia, solidariedade). Também aqui entram os valores da vontade e da escolha (força de carácter, perseverança). Alguns destes valores temo-los de forma quase espontânea, outros só podem ser alcançados após um longo processo de treino e esforço.
d. Os valores morais: são valores que tocam o ser humano nas profundezas de si mesmo, no uso da sua liberdade, na sua responsabilidade. A lista poderia ser longa, mas podemos mencionar os seguintes: a bondade do coração, a seriedade, sinceridade, autenticidade, fidelidade, diligência, lealdade, solicitude, apoio, generosidade, justiça, honestidade, gratidão, etc.
e. Os valores religiosos: estes são valores que se referem ao nosso relacionamento com Deus. Aqui podemos citar, por exemplo, o valor da oração, a devoção, adoração, etc.
Se olharmos para alguns programas de educação para os valores, percebemos imediatamente a ausência de muitos dos valores que acabámos de mencionar, e na presença de outros valores que são importantes, mas que não são essenciais para a vida humana.
Por exemplo, fala-se muito de tolerância, respeito, abertura, diálogo. Mas esquecemo-nos que cada um desses valores (por vezes virtudes) está relacionado, ou dependem de outros valores, (e virtudes) sem os quais nada é conseguido.
Noutras circunstâncias, há alguma confusão, pois surgem como valores mais elevados sendo mais baixos, ou até mesmo chegar a misturar uns com outros ou até com anti-valores. Por exemplo, falar do valor do sexo, como se qualquer acto sexual devesse ser “valorizado” pelo facto de produzir prazer, é não só é ineficaz, mas muitas vezes prejudicial e pode levar a consequências dramáticas na promoção da devassidão e da toxicodependência (dois anti-valores) em bastantes adolescentes.
Uma sociedade que faz da beleza física e da linha (aparecer perante os outros com uma figura juvenil), da força ou do dinheiro os valores mais importantes, perdeu a cabeça e segue na direcção de uma profunda decadência, com consequências devastadoras para a vida de milhares de pessoas.
Para evitar tais erros, qualquer autêntica educação para os valores necessita de reflectir seriamente sobre o que é o homem e sobre os bens valiosos que lhe permitem desempenhar a sua existência humana de maneira justa e boa. Só um bom estudo antropológico pode reconhecer a hierarquia de valores que coloca tudo no seu devido lugar.
Os valores morais e religiosos são e devem ser os mais importantes porque eles se referem à dimensão crítica da existência humana: a sua relação temporal e eterna com Deus e com outros seres humanos. Depois, são os valores espirituais, que incluem a disciplina mental para aceder à verdade, para a “manter” com boa memória e expressar-se de forma clara e honesta. A força da vontade que permite trabalhar, estudar ou em mil actividades da vida familiar, a solidariedade, que leva os homens a unir os seus esforços na construção de um mundo mais acolhedor, a justiça, que permite não só respeitar os acordos ou os direitos dos outros, mas sobretudo quando são escamoteados... A lista poderia ser muito longa, mas dá uma ideia de como é urgente desenvolver programas de formação para os valores.
Uma sociedade que sabe propor e concluir um programa exigente de valores, apoiados e vividos desde a educação para a virtude, permitirá que as crianças, adolescentes, adultos jovens e pessoas já maduras possam em cada dia das suas vidas, viver abertos aos outros, se preparem seriamente para os objectivos que cada um decidir, sempre, no verdadeiro sentido do bem de cada um de nós, ou seja, o encontro eterno com Deus. Não deverá ser esse o sinal que temos para oferecer para um bom programa de formação para os valores?”
quinta-feira, 11 de março de 2010
Procura-se um amigo
Não poderia estar mais de acordo com o autor, o fantástico Vinicius de Morais. Amigo é assim mesmo.
"Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimento, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, da madrugada, de pássaros, de sol, da lua, do canto dos ventos e das canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo.
Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão.
Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objectivo deve ser o de amigo.
Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova quando chamado de amigo.
Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações da infância.
Precisa-se de um amigo para não enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque avida é bela, mas por que já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Para não viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.
Que bata nos ombros sorrindo e chorando, mas que nos chame de amigo,para ter-se a consciência de que ainda se vive."
"Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimento, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, da madrugada, de pássaros, de sol, da lua, do canto dos ventos e das canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo.
Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão.
Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja puro, nem que seja de todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objectivo deve ser o de amigo.
Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova quando chamado de amigo.
Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações da infância.
Precisa-se de um amigo para não enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque avida é bela, mas por que já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Para não viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas.
Que bata nos ombros sorrindo e chorando, mas que nos chame de amigo,para ter-se a consciência de que ainda se vive."
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Sabedoria de esperar
No compasso do nosso dia a dia, a pressa leva-nos, tantas vezes, aos maus juízos e à precipitação.
Atentemos a esta proposta da filosofia tibetana.
"Olhei ao longe e vi que qualquer coisa se movia.
Aproximei-me um pouco e vi que era um animal.
Aproximei-me mais ainda e vi que era um homem.
Reaproximei-me um pouco mais ainda e vi que era o meu irmão."
Atentemos a esta proposta da filosofia tibetana.
"Olhei ao longe e vi que qualquer coisa se movia.
Aproximei-me um pouco e vi que era um animal.
Aproximei-me mais ainda e vi que era um homem.
Reaproximei-me um pouco mais ainda e vi que era o meu irmão."
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Fazer tábua rasa
Muitas vezes utilizamos certas expressões e não sabemos muito bem o seu real significado.
A expressão "fazer tábua raza" é uma delas e para que melhor a possam utilizar aqui vai um pequeno contributo.
Significado: Esquecer completamente um assunto que se está a abordar para recomeçar em novas bases como se aquele não tivesse existido.
Origem: Na sua origem no latim, a tabula rasa ou a tábua rasa, correspondia a uma tabuinha de cera onde nada estava escrito. A expressão foi tirada, pelos empiristas, de Aristóteles, para assim chamarem ao estado do espírito que, antes de qualquer experiência, estaria, em sua opinião, completamente vazio e na qual tudo seria possível escrever a partir da experiência adquirida. Também John Locke (1632-1704 ), pensador inglês, em oposição a Leibniz e Descartes, partidários do inatismo, afirmava que o homem não tem nem ideias nem princípios inatos, mas sim que os extrai da vida, isto é, da experiência. «Ao começo», dizia Locke, «a nossa alma é como uma tábua rasa, limpa de qualquer letra e sem ideia nenhuma. "Tabula rasa in qua nihil scriptum". Como adquire, então, as ideias? Muito simplesmente pela experiência.»
Como vemos a tábua rasa corresponde ao vazio e à ausência de conhecimento.
Por isso fazer tábua rasa é ignorar completamente tudo o que é dito ou proposto tal como se não soubessemos nada acerca de tal assunto.
Aníbal Carvalho
A expressão "fazer tábua raza" é uma delas e para que melhor a possam utilizar aqui vai um pequeno contributo.
Significado: Esquecer completamente um assunto que se está a abordar para recomeçar em novas bases como se aquele não tivesse existido.
Origem: Na sua origem no latim, a tabula rasa ou a tábua rasa, correspondia a uma tabuinha de cera onde nada estava escrito. A expressão foi tirada, pelos empiristas, de Aristóteles, para assim chamarem ao estado do espírito que, antes de qualquer experiência, estaria, em sua opinião, completamente vazio e na qual tudo seria possível escrever a partir da experiência adquirida. Também John Locke (1632-1704 ), pensador inglês, em oposição a Leibniz e Descartes, partidários do inatismo, afirmava que o homem não tem nem ideias nem princípios inatos, mas sim que os extrai da vida, isto é, da experiência. «Ao começo», dizia Locke, «a nossa alma é como uma tábua rasa, limpa de qualquer letra e sem ideia nenhuma. "Tabula rasa in qua nihil scriptum". Como adquire, então, as ideias? Muito simplesmente pela experiência.»
Como vemos a tábua rasa corresponde ao vazio e à ausência de conhecimento.
Por isso fazer tábua rasa é ignorar completamente tudo o que é dito ou proposto tal como se não soubessemos nada acerca de tal assunto.
Aníbal Carvalho
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
COMO REDUZIR UMA ESPÉCIE
Tem-se falado muito sobre o pretenso "casamento" de homossexuais e lésbicas, mas pouco se tem dito sobre algumas das consequências desse tipo acasalamento. Para além das éticas e morais há outras com grandes repercursões sociais e políticas e até da preservação da própria espécie humana, pelo menos é o que poderá acontecer se todos fizerem opções semelhantes.
A propósito disso, recebi um texto brilhante de uma grande amiga e que com a sua autorização aqui deixo transcrito.
Aníbal Carvalho
"COMO REDUZIR O NÚMERO DE ELEMENTOS DE UMA ESPÉCIE.
Pensemos juntos.
Se quisessemos reduzir drasticamente o número de elementos de uma espécie o que faríamos?
Matávamo-los um a um, criteriosamente como quem caça pulgas...?
Não, isso seria demasiado repugnante e demorado. Além disso corríamos o risco de haver alguma comissão de defesa da espécie, suficientemente poderosa e eficaz, que actuasse a tempo!
Arranjávamos um contaminante biológico, difundíamo-lo de forma controlada e esperávamos?
Não, isso seria demasiado perigoso e nunca se pode saber exactamente se não ocorreria uma mutação e lá se ia o controlo e quiçá seríamos também nós afectados!
Podemos sempre enveredar por uma solução de massas, como seja promover confrontos entre tribos?
Não, a história demonstra que isso seria demasiado caro e em particular teria um custo político muito elevado.
Podemos sempre dar-lhes contraceptivos!?
Bem, isso era uma boa solução, mas há sempre alguns que não os tomam e o processo acaba por se arrastar... a menos que a isso associassemos uma diversão comportamental.
Porque não fazer-lhes crer que as experiências homo são legítimas e muito mais estimulantes?
É isso! Em menos de duas/três gerações temos o número de membros da espécie reduzida a valores economicamente viáveis. E mais, sem custos adicionais. BINGO!!!
O poder económico e político controla as mentes e quer fazer-nos crer que tomam atitudes liberais e modernistas. Para já, é apenas “fait divers” mas dentro de alguns anos, entre SIDA, homossexualidade e contraceptivos a humanidade estará reduzida a uma população de alguns poucos “lideres”, muitos “clones” e vestigíos de velhos com Alzheimer.
Porque será que não nos revoltamos contra a exterminação da nossa espécie enquanto podemos? Ou já não podemos?
Podemos ainda, basta ser lúcido e querer!!!
MFC"
A propósito disso, recebi um texto brilhante de uma grande amiga e que com a sua autorização aqui deixo transcrito.
Aníbal Carvalho
"COMO REDUZIR O NÚMERO DE ELEMENTOS DE UMA ESPÉCIE.
Pensemos juntos.
Se quisessemos reduzir drasticamente o número de elementos de uma espécie o que faríamos?
Matávamo-los um a um, criteriosamente como quem caça pulgas...?
Não, isso seria demasiado repugnante e demorado. Além disso corríamos o risco de haver alguma comissão de defesa da espécie, suficientemente poderosa e eficaz, que actuasse a tempo!
Arranjávamos um contaminante biológico, difundíamo-lo de forma controlada e esperávamos?
Não, isso seria demasiado perigoso e nunca se pode saber exactamente se não ocorreria uma mutação e lá se ia o controlo e quiçá seríamos também nós afectados!
Podemos sempre enveredar por uma solução de massas, como seja promover confrontos entre tribos?
Não, a história demonstra que isso seria demasiado caro e em particular teria um custo político muito elevado.
Podemos sempre dar-lhes contraceptivos!?
Bem, isso era uma boa solução, mas há sempre alguns que não os tomam e o processo acaba por se arrastar... a menos que a isso associassemos uma diversão comportamental.
Porque não fazer-lhes crer que as experiências homo são legítimas e muito mais estimulantes?
É isso! Em menos de duas/três gerações temos o número de membros da espécie reduzida a valores economicamente viáveis. E mais, sem custos adicionais. BINGO!!!
O poder económico e político controla as mentes e quer fazer-nos crer que tomam atitudes liberais e modernistas. Para já, é apenas “fait divers” mas dentro de alguns anos, entre SIDA, homossexualidade e contraceptivos a humanidade estará reduzida a uma população de alguns poucos “lideres”, muitos “clones” e vestigíos de velhos com Alzheimer.
Porque será que não nos revoltamos contra a exterminação da nossa espécie enquanto podemos? Ou já não podemos?
Podemos ainda, basta ser lúcido e querer!!!
MFC"
sábado, 2 de janeiro de 2010
Ano Novo, que política???!!!
O Ano Novo ainda agora começou. O Senhor Presidente da República falou ao país e disse de sua justiça.
Enumerou as imensas lacunas dos últimos "desgovernos". Salientou a forma como muitos se servem da política, não para governar, mas para "se governarem". Aqui incluem-se todos os órgãos de poder desde do Parlamementar, ao Governativo e até ao Judicial.
No entanto, se olharmos a nossa História, parece que este tipo de situação e de actuação não são exclusivos desta época, mas têm-se repercutido noutros momentos específicos. Alíás, se olharmos para este texto de Guerra Junqueiro e que já tem 113 anos, vemos que ou não se evoluiu nada ou se retrocedeu muito. A mim, parece-me que foi este último caso.
Por isso estas palavras assentam que nem uma luva aos tempos de hoje, sobretudo no que se refere aos nossos políticos.
Aníbal Carvalho
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política,torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
Guerra Junqueiro, 1896.
Enumerou as imensas lacunas dos últimos "desgovernos". Salientou a forma como muitos se servem da política, não para governar, mas para "se governarem". Aqui incluem-se todos os órgãos de poder desde do Parlamementar, ao Governativo e até ao Judicial.
No entanto, se olharmos a nossa História, parece que este tipo de situação e de actuação não são exclusivos desta época, mas têm-se repercutido noutros momentos específicos. Alíás, se olharmos para este texto de Guerra Junqueiro e que já tem 113 anos, vemos que ou não se evoluiu nada ou se retrocedeu muito. A mim, parece-me que foi este último caso.
Por isso estas palavras assentam que nem uma luva aos tempos de hoje, sobretudo no que se refere aos nossos políticos.
Aníbal Carvalho
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política,torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
Guerra Junqueiro, 1896.
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