Mia Couto é um escritor e poeta Moçambicano. A sua leitura da sociedade permite-lhe ir para além das evidências.
É essa leitura sublime mas também crítica que ele faz aos que se dizem ricos mas que não passam de uns míseros pobres.
Com o devido respeito aqui reproduzo o seu poema.
Aníbal Carvalho
" A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir
riqueza, produz ricos.
Mais ricos sem riqueza.
Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de
endinheirados.
Rico é quem possui meios de produção.
Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.
Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa
que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos «ricos».
Aquilo que têm, não detêm.
Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade dos outros.
É produto de roubo e de negociatas.
Não podem, porém estes nossos endinheirados usufruir em
tranquilidade de tudo quanto roubaram.
Vivem na obsessão de poderem ser roubados.
Necessitavam de forças policiais `altura.
Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles
próprios na cadeia.
Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões
para a criminalidade.
Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem."
Mia Couto
É essa leitura sublime mas também crítica que ele faz aos que se dizem ricos mas que não passam de uns míseros pobres.
Com o devido respeito aqui reproduzo o seu poema.
Aníbal Carvalho
" A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir
riqueza, produz ricos.
Mais ricos sem riqueza.
Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de
endinheirados.
Rico é quem possui meios de produção.
Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.
Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa
que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos «ricos».
Aquilo que têm, não detêm.
Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade dos outros.
É produto de roubo e de negociatas.
Não podem, porém estes nossos endinheirados usufruir em
tranquilidade de tudo quanto roubaram.
Vivem na obsessão de poderem ser roubados.
Necessitavam de forças policiais `altura.
Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles
próprios na cadeia.
Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões
para a criminalidade.
Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem."
Mia Couto
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